O Projeto

 

História do Projeto

O projeto começou a muito tempo atrás, quando, ainda criança, meu pai me contava seus planos de fazer Rio-Patagônia-Alaska de moto. Crescendo, pude viajar com ele de carro para o sul do Chile, e fazer a clássica viagem Coast-to-Coast pelos Estados Unidos. Fui conhecendo então cada vez mais pessoas que fizeram algo parecido, principalmente pelo caminho através da Panamericana, estrada que vem do Chile cortando os Andes até a Colômbia. E, planejando tudo isso, percebi uma coisa: Seria ridículo conhecer toda a América e não conhecer o Brasil de verdade. Assim, mudei um pouco roteiro para atravessar todo o interior de nosso belo país, incluindo lugares não tão famosos, mas carregados de uma energia poderosa por todos aqueles que já estiveram lá.

Por quê? Simplesmente pela aventura, pelo prazer da liberdade de andar sem destino, sem responsabilidades com a sociedade? Temo que os motivos são um pouco mais profundos e difíceis de explicar...

A pedra angular da filosofia de Sócrates diz: CONHECE-TE A TI MESMO. Só assim pode se dar o luxo de poder conhecer seu papel na sociedade e tentar entender o que fazer e como agir perante os outros. Já Rousseau, séculos depois, proferiu uma parábola um tanto utópica: o homem é bom por natureza. É a sociedade que o corrompe. Na verdade não é bem assim.

Mas esta é uma frase que sintetiza perfeitamente a importância da sociedade na formação do caráter de um homem. O que se esquece nesse ponto é que também o homem tem uma importante influência nesta sociedade.

A todo momento sofremos influência de todos a nossa volta para sermos aquilo que a sociedade deseja. Nossa família, nossos amigos, nossos chefes e professores, todos acabam agindo inconscientemente nos moldando desde os traços de caráter mais primitivos, como honestidade, sinceridade, preguiça ou agressividade, como influi também em nossas manias, hábitos, vícios e indecisões. Acabamos assim sendo apenas um mero reflexo daqueles que nos rodeiam, não descobrindo nunca quem realmente somos.

Por isso existem hoje em dia tantos jovens e outros não tão jovens assim perdidos, insatisfeitos em empregos que odeiam, temerosos de poder realizar seus sonhos, reféns de vícios que os fazem esquecer de seus problemas, ao inves de procurar meios de atingir a satisfação pessoal.

Diversas culturas em diferentes pontos do planeta descobriram esse mesmo conceito de Sócrates e promovem uma iluminação em determinados períodos da vida, buscando assim melhor compreender sua missão.

Os aborígenes australianos enfrentam seu Walkabout na passagem da adolescência para a vida adulta. Ficam um certo período que pode chegar a seis meses no Outback australiano vivendo com só que a natureza pode lhes fornecer, conhecendo melhor o mundo em que vivem. E descobrindo como podem viver melhor nesse mundo.

Em diversas tribos brasileiras existem rituais parecidos, com provas físicas de corrida, pesca, caça, nado, resistência ao frio, às forças da natureza - é comum colocar a mão em vasos cheio de formigas bravas (as tucandeiras) para aprender a resistir a dor. Ao terminar essas provações terminam por furar a orelha, entrando finalmente na fase adulta. Tribos norte-americanas, a milhares de quilômetros de distância, executavam rituais parecidos, com o propósito de fazer essa passagem. Seriam ritos de desprendimento.

O mito de Osíris, no antigo Egito, fala também de sua deconstrução, sendo seu corpo dividido por diversas partes de todo o Egito, sendo reconstruído posteriormente por sua esposa Ísis. É o conceito de se desfazer de suas influências, se expor a influências diferentes, tornando assim seu verdadeiro ser, e retornando a sua origem, agora com uma nova visão, em que pode entrar em harmonia com sua antiga sociedade, não sendo mais um ser passivo, mas ativo, contribuindo para torná-la melhor.

Ritos mais amenos, sem tanto isolamento, mas com o mesmo sentido original, são os batismos judeus e cristãos que marcam a passagem para a vida adulta. mas não os o isola. Não os permite que possam conhecer mais sobre si mesmos, sofrendo, ao contrario, uma intensa influência de sua cultura nesse período.

Já os hindus, desenvolveram técnicas de meditação que permitem um autoconhecimento maior. E melhor: não precisam de rituais únicos de passagem. Podem ser realizados diversas vezes durante toda a vida, permitindo que o auto-conhecimento seja constante.

CONHECE-TE A TI MESMO. Não dialogar com outros é tolerável. Não dialogar consigo mesmo é insuportável (Augusto Cury).

Percebi isso com sorte na adolescência, quando fui morar um ano em Oklahoma, interior dos EUA. Em uma minúscula cidade no meio das Grandes Planícies, onde nada havia para se fazer, pude ver todo o filme da minha vida e entender melhor o que já tinha feito e o que poderia fazer quando retornasse. Saí como um garoto de 16 anos que queria jogar basquete e fazer algo como engenharia ou desenho industrial. Voltei como um homem de 17 anos que sabia que seria um médico, inclusive já imaginando a área que me escolheria.

Sete anos depois, na Amazônia, pude consolidar meu caráter como médico e compreender melhor nossa sociedade como um todo, desde nossa história envolvendo os habitantes originais, a influência branca sobre eles e sua importância em nossa cultura de hoje em dia. Esta é a última oportunidade em que terei tempo e idade para realizar uma oportunidade como esta, conhecendo um pouco da cultura de nossos vizinhos panamericanos e podendo trazer o que houver de melhor para poder influenciar nossa sociedade.

 

 

 

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